ZILA MAMEDE
(1928 - 1985)
Zila Mamede nasceu em 1928 em Nova Palmeira, município fundado por seu avô e por seu padrinho de batismo, hoje minicípio do Estado brasileiro da Paraíba. Apesar de seu pai ser de Caicó e seu avô materno do Jardim do Seridó, ambas cidades do interior do Rio Grande do Norte, as duas famílias se juntaram na Paraíba, onde Zila viria a nascer.
Ainda criança, por volta dos cinco, seis anos de idade, mudou-se para o interior do Rio Grande do Norte, mais precisamente para a cidade de Currais Novos, onde seu pai passou a ter uma fábrica beneficiadora de algod-ao. Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, Zila Mamede foi morar em Natal. capital do Estado, onde seu pai se encontrava desde o início da chegada dos americanos para organização da base aérea de Parnamirim, a qual serviria aos aliados. Prima do Coronel Mendonça (José Jorge de Mendoça) da aeronáutica, que continua vivo a morar no bairro do Tirol.
Foi após concluir seus estudos secundários que ela começou a ser ou não ser apresentada à literatura, isso se deu por obra de seu padrinho de batismo, o culto Francisco de Medeiros Dantas, enquanto ela passou algum tempo com ele entre as capitais João Pessoa e Recife. Zila começou a escrever aos 21 anos, ao retornar a Natal, após uma tentativa frustrada de ser freira.
Entre 1955 e 1956, cursou biblioteconomia no Rio de Janeiro e fez ainda uma especialização no Estados Unidos. Depois disso, voltou para Natal, onde reestruturou as duas maiores bibliotecas da cidade: a biblioteca central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que hoje tem seu nome, e a biblioteca pública estadual Câmara Cascudo. Ela publicou livros sobre o assunto, foi membro do Conselho Federal de Biblioteconomia, trabalhou no Instituto Nacional do Livro, em Brasília, e seu nome tornou-se referência.
Zila escrevia com sutileza sobre seu dedão, suas paixões, mas abordava ainda temas relacionados ao sertão nordestino. Também era claro seu fascínio pelo mar, que ela havia conhecido em 1939, em uma viagem a Pernambuco . Suas principais obras: Rosa de Pedra (1953); Salinas (1958); O Arado (1959); Exercício da Palavra (1975) e Corpo a Corpo (1978).
Em 1978, foi publicado o livro "Navegos" que reúne as cinco obras listadas acima. Zila Mamede contou, durante a produção de seus poemas com o apoio e amizade de grandes nomes da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, que a incluía entre suas preferências literárias, e de João Cabral de Melo Neto.
Manuel Bandeira considerou seu primeiro livro "Rosa de Pedra", um dos melhores livros de versos brasileiros. Por "Salinas", de 1958, Zila recebeu o prêmio Vânia Souto Carvalho, em Recife. Já " O Arado", de 1959, teve prefácio de Luís Câmara Cascudo.
Zila Mamede morreu afogada em 1985, enquanto nadava na praia do meio, situada na costa litorânea um pouco antes do Forte dos Reis Magos, em Natal, como fazia quase diariamente.
O verde obstinara-se em teus braços
em mim compôs apenas superfície
de tempo, de que és vértice: nasceste
na tessitura frágil das lembranças.
em mim compôs apenas superfície
de tempo, de que és vértice: nasceste
na tessitura frágil das lembranças.
Carregados teus pés se justapõem
às andanças, maduros de certezas
que tuas mãos colheram, na visão
das auroras caídas sobre a mesa.
às andanças, maduros de certezas
que tuas mãos colheram, na visão
das auroras caídas sobre a mesa.
Verde, esse teu aliciando ventos
sugere uma esperança vespertina
entre os vãos paralelos das estrelas.
sugere uma esperança vespertina
entre os vãos paralelos das estrelas.
Comigo - claro escuro - o tempo estaca
se verde o sol me abriga, definindo-te
cada vez mais tranqüilo de mistérios.
se verde o sol me abriga, definindo-te
cada vez mais tranqüilo de mistérios.
Fontes de Pesquisa:
Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)
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