JULIA DA COSTA
(1844 - 1911)
Júlia Maria da Costa, filha de Alexandre José da Costa e Maria Machado da Costa, nasceu em Paranaguá no dia 1º de julho de 1844.
Foi uma figura controvertida, forte, decidida e à frente de seu tempo. Com o auxílio do padre e escritor Joaquim Gomes de Oliveira Paiva, de Desterro, publicou dois livros: Flores Dispersas - 1ª série, e Flores Dispersas - 2ª série. Sob os pseudônimos de Sonhadora, Americana e J.C. (entre outros). Escreveu, além de poesia, muitas crônicas-folhetins, que hoje chamaríamos de crônicas sociais, analisando a moda e relatando festas.
Júlia da Costa casou, em 1871, por conveniência e imposição familiar, com o Comendador Costa Pereira, chefe do Partido Conservador, um homem rico e trinta anos mais velho, embora amasse o poeta Benjamin Carvoliva, cinco anos mais novo. Correspondia-se com ele quase que diariamente durante o namoro e, quando casada, em segredo. Em uma das cartas, que eram colocadas em esconderijos diversos, tais como o oco de uma velha árvore, Júlia sugere que fujam os dois, mas quem foge é Carvolina perante a ousadia da poetisa.
Desiludida, Júlia passa a escrever, febrilmente, poemas cada vez mais desesperançados e melancólicos, começa a frequentar mais e mais serões e festas, pintar os cabelos de negro (em uma época em que somente meretrizes e artistas o faziam), pintar o rosto e usar muitas jóias, participar de campanhas políticas e publicar em jornais e revistas, tornando-se uma lenda viva em sua pequena cidade.
A solidão se tornou cada vez maior depois da morte do Comendador, que a habituara a receber catarinenses ilustres em banquetes e saraus (num dos quais esteve presente o Visconde de Taunay). Viúva, cansada das festas, fecha-se em casa com manias de perseguição. Durante o tempo que permanece enclausurada, planeja escrever um romance e, para tanto, confecciona painéis coloridos com cenas campesinas, interiores de lar e paisagens inspiradoras que espalha pelas paredes.
Nessa velhice solitária, Júlia da Costa enlouquece e permanece fechada no casarão por oito anos, dele só saindo ao falecer em 2 de julho de 1911.
Não tenho segredos, é pura minh´alma, Qual cândida aurora rasgando o seu véu! Velando ou dormindo, chorando ou sorrindo, Só amo – meus campos – meu solo – meu céu! Cresci sobre um ermo tristonho e sombrio, Soltei nas campinas meu primo cantar, Saudei nas montanhas o sol que nascia, Brinquei entre moitas ao claro luar! Sou jovem, sou meiga, sorri-me o futuro Nas fímbrias douradas de auroras de paz, A flor das campinas só ama o infinito Do céu, das venturas, não quer nada mais! As flores dos prados não causam-me inveja, Que hei flores mimosas no meu coração! Lauréis e grandezas, eu não, não aspiro, Não quero ter gozo tão falso, tão vão! Não tenho segredos, é pura minh´alma, Qual cândida aurora rasgando o seu véu! Velando ou dormindo, chorando ou sorrindo, Só amo – meus campos – meu solo – meu céu!
fontes de pesquisa:
Trabalho de Pesquisa: eliana Ellinger (Shir) |
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