Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ANA CRISTINA CRUZ CÉSAR


ANA CRISTINA CRUZ CÉSAR
(1952 - 1983)
 

Ana Cristina Cruz César, poeta, ensaísta, tradutora, nasceu no Rio de Janeiro,  filha de Maria Luiza César e do sociólogo e jornalista Waldo Aranha Lenz César, um dos responsáveis, junto com o editor Ênio Silveira (1925 - 1996), pela fundação da editora ecumênica Paz e Terra.
Aos 7 anos, Ana Cristina tem seus primeiros poemas publicados no
jornal Tribuna da Imprensa. Entre 1969 e 1970, interrompe o curso clássico no Colégio de Aplicação da Faculdade Nacional de Filosofia, para estudar inglês no Richmond School for Girls, em Londres, pelo programa de intercâmbio da juventude cristã. Ingressa, em 1971, na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Desde a vida universitária, participa ativamente da cena cultural carioca e do movimento da poesia marginal, convivendo com poetas como Cacaso (1944 - 1987) e intelectuais como Heloísa Buarque de Holanda (1939). Ainda em 1971, inicia a atuação como professora,  em escolas de 2º grau e de idiomas. Após a conclusão da graduação, em 1975, colabora para publicações como Opinião, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, com destaque para Beijo, importante periódico de cultura, com sete números impressos, cujo processo acompanha desde sua criação. 
Em 1979 lança, de forma independente, o primeiro livro de poesia, Cenas
de Abril
. Seguem-se Correspondência Completa, uma carta ficcional, e Luvas de Pelica, publicado em 1980. Dessa mesma época datam as primeiras traduções, atividade que se torna objeto de estudo na pós-graduação: em 1981, torna-se mestre em teoria e prática da tradução literária pela Universidade de Essex, Inglaterra. De volta ao Brasil,
é contratada como analista de textos pela Rede Globo de Televisão e lança, em 1982,  A Teus Pés - reunião de títulos publicados até então e ainda o inédito que nomeia o volume.
Aos 31 anos, em 1983, comete suicídio, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no oitavo andar de um edifício na rua Tonelero, em Copacabana.  Após sua morte, o poeta e amigo  Armando Freitas Filho (1940) organiza sua obra e promove
o lançamento dos livros Inéditos e Dispersos, em 1985,  Escritos da Inglaterra, 1988, e Escritos no Rio, 1993.
A trajetória da autora, que pode ser acompanhada em Inéditos & Dispersos - reunião de poemas escritos desde os 9 anos de idade - revela busca pessoal da expressão poética: os primeiros versos são em geral líricos, metrificados e rimados.
Já em A Teus Pés (1982) são longos, apresentando tom de conversa, e frequentemente questionam a sociedade conservadora e o lugar nela destinado à mulher. É o que se lê em "Sete chaves", "[...] Não
sou dama nem mulher/ moderna".
 
TODA MULHER
 
A coisa que mais o preocupava
naquele momento
era estudo de mulher
toda mulher
dos quinze aos dezoito.
Não sou mais mulher.
Ela quer o sujeito.
Coleciona histórias de amor.
 
** ** **
 
SONETO
Pergunto aqui se sou louca 
Quem quer saberá dizer 
Pergunto mais, se sou sã 
E ainda mais, se sou eu 

Que uso o viés pra amar 
E finjo fingir que finjo 
Adorar o fingimento 
Fingindo que sou fingida 

Pergunto aqui meus senhores 
quem é a loura donzela 
que se chama Ana Cristina 

E que se diz ser alguém 
É um fenômeno mor 
Ou é um lapso sutil?
 
Fontes de Pesquisa:


Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)

Nenhum comentário:

Postar um comentário