GEIR NUFFER
CAMPOS
(1924 -
1999)
Geir Nuffer Campos, poeta,
escritor, jornalista, contista e tradutor, nasceu em São José do Calçado. Filho
de Getúlio Campos, dentista, e Nair Nuffer, professora, viveu parte de sua
infância em Campos (RJ) e a partir de 1941, passou a residir em Niterói. Estudou
no Colégio Pedro II e Colégio Plínio Leite.
Em 1951, casou-se com Alcina Lima
Campos e deste casamento vieram dois filhos: Carlos Augusto Campos e Mauro
Campos.
Tripulou navios mercantes do Loyd
Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), advindo daí sua
condição de ex-combatente.
Como poeta, estreou em 1950 com
"Rosa dos Rumos", após ter publicado em jornais e revistas,
especialmente no Diário Carioca, vários poemas e
traduções.
Fundou em 1951, junto a Thiago de
Mello, as Edições Hipocampo, com a publicação de vinte livros de poesia e prosa,
dos autores mais representativos da literatura brasileira e também de alguns
estreantes como Paulo Mendes Campos, entre outros; nesta coleção, apareceu em
janeiro de 1952, "Arquipélago", seu segundo livro de
versos.
Geir Campos foi também professor
ginasial no Colégio Plínio Leite e no Colégio Figueiredo Costa, ambos em
Niterói, professor universitário na Escola de Comunicação da UFRJ, onde em 1980
fez-se Mestre em Comunicação, com um trabalho publiacado sobre Tradução e Ruido
na comunicação teatral.
Começou, em agosto de 1954 a
trabalhar como radialista, produzindo e apresentando na Rádio Ministério da
Educação, um programa semanal de meia hora, "Poesia Viva" e diversos programas
literários.
Geir é o autor da letra do Hino de
Brasília, cuja música é da professora Neuza Pinho França Almeida. Foi membro
fundador do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro e da Associação
Brasileira de Tradutores, da qual foi presidente, lutando pela coinscientização
dos que traduzem profissionalmente no Brasil e pela regulamentação dessa
profissão.
Destacou-se como ativista cultural
de grande influência e presença na literatura brasileira, tornando-se grande
representante capixaba da "Geração de 45".
Geir Campos é considerado um dos
poucos poetas brasileiros a comporem uma coroa de sonetos.
TAREFA
Morder o fruto amargo não é
cuspir
mas avisar aos outros quanto é
amargo,
cumprir o trato injusto e não
falhar
mas avisar aos outros o quanto é
injusto,
sofrer o esquema falso e não
ceder
mas avisar aos outros o quanto é
falso,
dizer também que são coisas
mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
- do amargo e injusto e falso por
mudar -
então confiar à gente exausta o
plano
de um mundo novo e muito mais
humano.
** **
**
VIGILIA
Não, meu amigo, não precisas
ter
nenhum cuidado: havendo o que
cuidar,
cuidarei eu constantemente a te
poupar
coisas que vão teu coito
arrefecer.
Coitado de quem deixa a noite
ser
vinda fora de tempo e
lugar
sombreando as alturas do
prazer
com rasteiras tribulações do
lar.
Antes que venha a noite, vai o
dia
mostrando os horizontes de
alegria
que tem a partilhar no corpo
dela:
São costas, são gargantas, são
colinas
- toda uma geografia em que te
empinas -
enquanto pelo teu amor
vela.
** **
**
POÉTICA
Eu quisera ser claro de tal
forma
que ao dizer
-
rosa!
todos soubessem o que haviam de
pensar.
Mais: quisera ser claro de tal
forma
que ao dizer
- já!
todos soubessem o que haviam de
fazer.
Eliana Ellinger (Shir)
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