LUÍS
MURAT
(1861 - 1929)
Luís Norton Barreto Murat, filho do
Dr. Tomás Norton Murat e Antonia Barreto Norton Murat, nasceu em Itaguaí, Rio de
Janeiro, em 14 de maio de 1861.
Após concluir os estudos básicos no
Imperial Colégio Pedro II, segue para São Paulo e matricula-se no Curso de
Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito, bacharelando-se em 17 de
março de 1886. Sua estréia literária deu-se em São Paulo (1879), no "Ensaio
Literário", órgão do clube literário Curso Anexo, redigido por ele e outros
colegas. Mudou-se para o Rio de Janeiro, abraçou o jornalismo, e seus artigos
captavam as atenções gerais.
Publicou seu primeiro livro de
poesias, Quatro Poemas, em 1885. Fundou o jornal Vida Moderna
(1886 à 1887) com Artur Azevedo, no qual colaboravam Araripe Junior, Xisto
Bahia, Coelho Neto, Alcino Guanabara, Guimarães Passos, Raul Pompéia entre
outros. Depois colaborou na Cidade Rio, de José do Patrocínio, em
A Rua, com Olavo Bilac e Raul Pompéia, além de outros jornais cariocas.
Escrevia também sob pseudônimo de 'Franklin'. Jornalista combativo, empenhou-se
a fundo nas campanhas da Abolição e pelo advento da República.
Em janeiro de 1890, publicou o poema
dramático "A Última Noite de Tiradentes", em folhetim, na Gazeta de
Notícias. Nesse ano foi eleito deputado pelo Estado do Rio e atravessou várias
legislaturas. Foi Secretário Geral do governo fluminense e escrivão vitalício da
provedoria da então Capital Federal. Insurgiu-se contra Floriano Peixoto,
recebendo ordem de prisão, mas as imunidades parlamentares o salvaram. Foi,
então, para o jornal O Combate e atacou violentamente o
presidente.
Na revolta da Marinha, em setembro de
1893, redigia o jornal que publicou o manifesto do Almirante Custódio José de
Melo. Esteve com os revoltosos da esquadra, mas deixou-se prender quando sentiu
desvirtuado o intuito da revolução. Foi julgado e absolvido por unanimidade no
Paraná.
Autor de poesia romântica, liga-se
acidentalmente à geração parnasiana, meio difuso e pouco claro em suas
manifestações como poeta. Sofreu influências dos românticos Victor Hugo e
Théophile Gautier, que se evidenciaram na tendência para as imagens fulgurantes
e para a exalação verbal e dos poetas nórdicos, ao expressar certas notas
profundas , obscuridades e uma atmosfera de espiritismo.
Luís Murat foi um
poeta culto e investigador, fez a poesia sem parecer preocupado em afiliar-se a
uma escola, fundador da cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras, que tem
como patrono Adelino Fontoura.
Luís Murat faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de
julho de 1929. Em sua sucessão hoje é apenas conhecida em seu sobrinho neto,
também escritor, político e jurista, Raphael Murat.
O PODER DAS LÁGRIMAS
Com que saudade para o céu não
olhas,
Vendo de nuvens todo o céu
coberto,
E engastadas de pérolas as
folhas
E o coração das árvores
deserto.
Como uma grande rosa, a alma
desfolhas
Dentro do seio, inteiramente
aberto,
E esses restos de flor passando
molhas
N'água do arroio que coleia
perto.
Molha-as, sim, nesta linfa algente e
casta !
Que uma só gota cristalina
basta
Para o calor em chuva ir
transformando.
Hás de ficar com os olhos rasos
d'água,
A dor há de acalmar que a própria
mágoa
Tem dó de ver uma mulher
chorando.
Fontes de Pesquisa:
Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)
Parabéns pelo belo trabalho.
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