Eugène Emile Paul
Grindel
( 1895 / 1952
)
Paul Éluard (pseudônimo de Eugène
Emile Paul Grindel) foi um poeta francês, nascido em Saint-Denis, hoje subúrbio
ao norte de Paris.
Autor de poemas contra o nazismo
que circularam clandestinamente durante a 2ª Guerra Mundial, participou no
movimento dadaísta, foi um dos pilares do surrealismo, abrindo caminho para uma
ação artística mais engajada, até filiar-se ao partido comunista francês e
tornou-se mundialmente conhecido como "O Poeta da
Liberdade".
Aos 16 anos, Paul Eluard contraiu
tuberculose, que o obrigou a interromper seus estudos. No Sanatório de Clavadel,
na Suiça, teve o primeiro encontro com Manuel
Bandeira. No Sanatório de Davos,
conhece uma jovem russa, Helena Diakova, que ele apelidou de Gala. Os dois
casaram-se durante a guerra, em 21 de fevereiro de 1917.
Sua impetuosidade, seu espírito
decidido, sua cultura, impressionaram o jovem Paul, que encontra nela seu
primeiro impulso de poesia amorosa, e tiveram uma filha,
Cecile.
Viveram juntos até 1929, em
seguida, Gala se casaria com o pintor espanhol Salvador
Dali.
Embora o trabalho de Paul Éluard
tenha tido várias fases, foram dezenas de títulos publicados entre 1913 e 1952,
ano de sua morte. Tornou-se então conhecido principalmente por suas poesias
surrealistas.
Conviveu com poetas, como André
Breton e Louis Aragon e artistas plásticos, como Picasso, De Chirico, Dali,
Margritte, Miró, Man Ray e Chagall.
Em 1918, quando a vitória é
proclamada, Paul Éluard alia a plenitude de seu amor a um profundo
questionamento do mundo: é o movimento Dadá que vai disparar esse processo,
através do absurdo, da loucura, do non-sense.
Sua obra é extensa. Com Benjamim
Péret, escreve 152 poemas. Com André Breton, "No Defeito do Silêncio"
e "Imaculada Concepção", com Breton e René Char, "Trabalhos". A partir de 1925,
ele apóia a revolta dos Marroquinos. Em 1926, ingressa, junto a Aragon e Breton,
no partido comunista francês. Nesta
mesma época, publica "Capital da Dor" e "Amor e Poesia". Em 1928, novamente
doente, volta para o Sanatório com Gala, onde ela reencontra Salvador Dali e ele
conhece Nusch.
Nos anos 40, durante a
Resistência, lançou seu mais conhecido poema " Liberté ", publicado no livro
Poésie et Varité (Poesia e Verdade), de 1942. No ano seguinte, aviões da Força
Aérea Britânica lançaram milhares de cópias desse texto sobre
Paris.
Os anos de 1931 a 1935, foram os
mais felizes na vida de Éulad: Casado com Nusch, ela representou para ele a
encarnação da mulher, companheira, cúmplice, sensual, sensivel e
fiel.
Na Espanha, em 1936, Paul se
insurge contra o movimento franquista. No ano seguinte, o bombardeio de Guernica
o inspira a escrever o poema " A Vitória de Guernica ". Para que o poema fosse
impresso na Inglaterra, foi contrabandeado, desde a França ocupada, pelo pintor
pernambucano Cícero Dias. A terceira convergência seria com Manuel Bandeira
novamente, e Carlos Drummond de Andrade que traduziram "Liberté" a quatro mãos,
ainda nos anos 40.
Retrato de Paul Eluard -
Salvador Dali - Óleo sobre tela - 1942
Em novembro de 1952, paul Éluard
morre do coração, em sua casa. Neste dia, segundo Robert Sabatier, "o mundo
inteiro estava de luto".
QUEM DE NÓS INVENTOU O
OUTRO?
Tua cabeleira de laranjas no vazio
do mundo,
No vazio dos vitrais pesados de
silêncio
E de sombra onde minhas mãos nuas
buscam teus reflexos.
A forma do teu coração é
quimérica
E teu amor se assemelha a meu
desejo perdido.
Ó suspiros de âmbar, sonhos,
olhares.
Mas tu não estiveste sempre
comigo. Minha memória
Ainda está obscurecida por te-la
visto chegar
E partir. O tempo se serve das
palavras como o amor.
Fechei-me em meu amor,
sonho.
NÃO MAIS
PARTILHAR
Na noite de loucura, nú e
claro,
O espaço entre as coisas possui a
forma de minhas palavras,
A forma das palavras de um
desconhecido,
De um vagabundo que desata a
cintura de sua garganta
E pega os ecos pelo
laço.
Entre árvores e
barreiras,
Entre muros e
mandíbulas,
Entre essa grande ave
trêmula
E a colina que a
oprime,
O espaço possui a forma de meus
olhares.
Meus olhos são
inúteis,
O reino do pó
acabou,
A cabeleira da estrada pôs seu
manto rígido,
Ela não foge mais, não me mexo
mais,
Todas as pontes estão cortadas, o
céu nelas não passará mais,
Posso então não ver mais
nelas.
O mundo se destaca de meu
universo
E, bem no cume das
batalhas,
Quando a estação do sangue murcha
em meu cérebro,
Distingo o dia dessa claridade de
homem
Que é a
minha,
Distingo a vertigem da
liberdade,
A morte da
embriaguês,
O sono do
sonho.
Ó reflexos sobre mim mesmo! Ó
reflexos sangrentos!
(Tradução: Eclair
Antonio Almeida Filho)
Fontes de
Pesquisa:
Trabalho de Pesquisa Eliana Ellinger (Shir)
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