MANUEL BASTOS
TIGRE
(1822 -
1957)
Manuel Bastos Tigre, filho de
Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre, nasceu em Recife (PE), a
12 de março de 1882, faleceu no Rio de Janeiro em 02 de agosto de
1957.
Estudou no Colégio Diocesano de
Olinda, onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O
Vigia . Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906, trabalhou como
engenheiro da General Electric e foi depois ajudante de geólogo nas Obras Contra
as Secas, no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos:
jornalista, poeta, compositor, humorista, publicitário, além de engenheiro e
bibliotecário. Em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como
publicitário. É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo,
garantindo a qualidade dos produtos dessa empresa: "Se é Bayer, é bom". Foi
ainda ele quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em
1934, o "Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a
engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no mesmo jingle
publicitário no Brasil.
Sua vida de jornalista iniciou-se
em 1902, quando colaborou na revista humorística "Tagarela". Prestou depois
serviços nos principais órgãos da imprensa carioca, como: "A Noite", "Gazeta de
Notícias", "A Rua", "Careta", "O Malho", etc...
Foi fundador da revista "D.
Xiquote", e no "Correio da Manhã" manteve durante mais de 50 anos, "Pingos e
Respingos", uma das mais conhecidas seções da imprensa citadina, na qual glosava
com sadio humor, os fatos pitorescos do Rio, do país e até do mundo, usando o
pseudônimo de "Cyrano e Cia.".
Suas atividades como escritor,
fizeram-no conquistar o Prêmio de Poesias da Academia Brasileira de Letras, com
a obra "Meu Bebê". Deixou, como poeta, uma bela obra educativa dedicada à
infância. Sob o pseudônimo de "D. Xiquote", publicou muitos livros de versos
humorísticos: "Saguão da Posteridade", "Poesias Humorísticas", "Versos
Perversos", "Moinhos de Vento", entre outros.
Suas
atividades Prestou concurso para
Bibliotecário do Museu Nacional (1915), com tese sobre a Classificação Decimal.
Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil,
onde serviu por mais de 20 anos. Exerceu a profissão de bibliotecário por 40
anos, é considerado o primeiro por concurso no Brasil.
Pelo carinho que dedicava aos
livros, foi escolhido para Patrono da Semana da Biblioteca, escolha esta
oficializada pelo Decreto Federal nº 884, de abril de
1962.
Bastos Tigre foi um homem feliz e
plenamente realizado. A Biblioteconomia foi realmente sua carreira profissional.
Seu grande entusiasmo e confiança no poder do livro é expresso nesta sua frase:
" Veículo de idéias que trouxe o passado até o presente, levará o presente
ao infinito dos tempos".
A partir de 1918, em todos os
bondes lia-se o reclame escrito por Bastos Tigre:
"Veja ilustre
passageiro,
O belo tipo
faceiro
Que o senhor tem ao seu
lado.
No entanto,
acredite,
Quase morreu de
bronquite,
Salvou-o o Rhum
Creosotado"
VOZ
INTERIOR
Quem sou eu? De onde venho e onde,
acaso me leva
O destino fatal que os meus passos
conduz?
Ora, sigo, a tatear, mergulhado na
treva,
Ou tateio, indeciso, ofuscado de
luz.
Grão, no campo da Vida, onde a
morte se ceva?
Semente que apodrece e não se
reproduz?
De onde vim? Da monera? Ou vim do
beijo de Eva?
E aonde vou, gemendo, a sangrar os
pés nus?
Nessa esfinge da Vida a verdade se
esconde;
O espírito concentro e consulto a
razão,
E uma voz interior, sincera, me
responde:
- Quem és tu? Operário honesto da
nação.
De onde é que vens? De casa. Onde
estás? No bonde.
Para onde vais? Não ves? Para a
repartição.
TROVAS
Saudade, palavra
doce,
que traduz tanto
amargor!
Saudade é como se
fosse
espinho cheirando a
flor.
** **
**
Aliança! Algema
divina,
a mais doce das
prisões;
uma prisão
pequenina
que encerra dois
corações.
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**
Quando Deus fez
Portugal,
lá plantou com sua
mão
na terra; vinha e
trigal
e o fado no
coração.
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Pela ponte lá da
praia
vieste cá me
visitar;
Deus queira que a ponte
caia
quando quiseres
voltar.
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Ama a tua arte. Por
ela
faze o bem: ama e
perdoa.
A bondade é sempre
bela
e a beleza é sempre
boa.
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Maldigo quem te ache
feia,
quem te ache bela
também.
Quero mal a quem te
odeia
e odeio a quem te quer
bem.
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Eu, versos os mais
diversos
já fiz: muita gente os
lê...
Mas a "poesia" há nos
versos
que eu fiz pensando em
você.
Fontes de Pesquisa:
Trabalho dePesquisa: Eliana (Shir)
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