DOM PEDRO
II
(1825 - 1891)
Segundo Imperador do Brasil, Dom
Pedro II nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825, e faleceu em 5 de
dezembro de 1891, em Paris. Se nome completo era Dom Pedro de Alcântara João
Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel
Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo,
filho de Dom Pedro I e Dona
Leopoldina de Áustria.
Após a abdicação de seu pai,
assumiu o trono aos cinco anos de idade e, devido à impossibilidade de tal
evento, o Brasil passou a ser administrado por uma
Regência.
Dom Pedro II, recebeu uma educação
excepcional de mestres e sábios de várias áreas do conhecimento, como idiomas,
ciências naturais, filosofia, artes, matemática, dança, música, entre
outras.
Casou-se com Teresa Cristina Maria
de Bourbon, por procuração em Nápolis, em 30 de maio de 1843, e, pessoalmente,
no Rio de Janeiro, em 4 de setembro de 1843.
Dom Pedro II foi autor de diversos
poemas, sonetos em sua maioria, reunidos em dois livros : "Poesias de Sua
Magestade D. Pedro II" (1889) e "Sonetos do Exílio" (1898). Era
muito ligado ao Romantismo, aos escritores do Realismo e Naturalismo. Dom Pedro
II é um dos mais equilibrados e filosóficos poetas brasileiros, provando-se
verdadeiro herdeiro de D. Diniz, o Rei Trovador de Portugal. Usa metáforas e
comparações meigas, vocábulos finos, sem elegância desnecessária, sempre
compreensível.
Depois da Proclamação da
República, em 15 de novembro de 1889, foi prisioneiro no Paço da Cidade e
encaminhado a sair do país em vinte e quatro horas. Deixando o Brasil, foi para
Portugal com a família.
A Imperatriz faleceu no dia 29 de
dezembro. Então, D. Pedro II foi viver na cidade de Cannes, depois Versalhes e
Paris. Morreu aos 66 anos, após sofrer de pneumonia num hotel. Seus restos
mortais retornaram ao Brasil somente em 1920.
À IMPERATRIZ
Corda que estala em harpa mal tangida,
Assim te vais, ó doce companheira
Da fortuna e do exilio, verdadeira
Metade de minha alma entristecida!
De augusto e velho tronco hastea partida
E transplantada à terra brasileira,
Lá te fizeste a sombra hospitaleira,
Em que todo infortunio achou guarida.
Feriu-te a ingratidao no seu delirio;
Caiste, e eu fico a sos, nestre abandono,
No teu sepulcro vacilante cirio!
Como foste feliz! Dorme o teu sono...
Mae do povo, acabou-se o teu martirio;
filha de reis, ganhaste um grande trono!
** ** **
À MORTE DO PRÍNCIPE D. PEDRO
Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher, por quem dera a própria vida.
À esposa que a ventura vê perdida
Casto e saudoso beijo inda conforta.
A imitar-lhe os exemplos nos exorta
O amigo na extrema despedida...
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai, a quem, oh Deus, tua espada corta.
A flor de seu futuro, o filho amado;
Quem o pode, Senhor, se mesmo o Teu
Só morrendo livrou-nos do pecado,
Se a terra à voz do Gólgota tremeu
E o sangue do Cordeiro Imaculado
Até o próprio céu enegreceu!
** ** **
TERRA DO BRASIL
Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.
Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra; e neste creio
Brando será meu sono e sem tardança...
Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da memória,
ó doce Pátria, sonharei contigo!
E entre visões de paz, de luz, de glória,
Sereno aguardarei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da História!
** **
**
SEMPRE BRASIL
Nunca noite dormi tão sossegado,
Quem nem mesmo sonhei com o meu Brasil,
Porém, vendo infinito mar d'anil,
Lembra-me a aurora dele nacarada.
Cada dia que passa não é nada,
E os que faltam parecem mais de mil.
Se o tempo que lá vivo é um ceitil,
Aqui é para mim grande massada.
E a doença porém me consentir,
Sempre pensando nele, cuidarei
De tornar-me mais digno de o servir,
E, quando possa, logo voltarei;
Pois na terra só quero eu existir
Quando é para bem dele que eu o sei.
13 DE MAIO
No Brasil sempre brilhou o mes de Maio,
Mas só da redenção foi este dia
Em que o meu coração já não ouvia
A voz do cativeiro em seu desmaio.
Brilhou da divindade enfim o raio
Que há muito o Brasileiro presentia,
E exultando em sua íntima alegria
Diz: Firmei-me no bem, no mal não caio!
Já todos como irmão agora unidos
Serviremos à Pátria com fervor,
Para assim resgartarmos tempos idos...
E hosannas entoando o Criador,
Vejo enfim meus esforços concluidos:
Eu sou de um Povo Livre o Imperador.
(Petrópolis, 13 de maio de
1889)
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