ANTONIO
OLINTO
(1919 - 2009)
Antonio Olinto, cujo
nome completo é Antonio Olyntho Marques da Rocha, nasceu em Ubá, Minas Gerais,
filho de José Marques da Rocha e Áurea Lourdes Rocha.
É o quinto ocupante da
Cadeira nº 8, eleito em 1997, na sucessão de Antonio Callado e recebido pelo
acadêmico Geraldo França Lima.
Depois dos estudos primários na cidade natal, ingressou no
Seminário Católico de Campos (RJ), onde concluiu o curso secundário. Prosseguiu
os estudos no curso de Filosofia do Seminário Maior de Belo Horizonte (MG) e no
Seminário Maior de São Paulo. Tendo desistido de ser padre, foi durante dez anos
professor de Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e
História da Civilização, em colégios do Rio de Janeiro. Publicou então seu
primeiro livro de poesia, "Presença". Foi secretário do Grupo Malraux, tendo
organizado a 1ª exposição de poesias, montada na Escola Nacional de Belas Artes
do Rio de Janeiro. Juntamente com sua atividade de professor ingressou no setor
publicitário e no jornalismo. Seu livro "Jornalismo e Literatura" foi adotado em
cursos de jornalismo em todo o Brasil. Da mesma época é seu livro de ensaios o
"Diário de André Gide".
Foi crítico literário de O Globo e colaborou em jornais de todo o
Brasil e Potrugal. Convidado pelo Governo da Suécia para as comemorações do
Ciquentenário do Prêmio Nobel em 1950, fez então conferências na Universidade de
Estocolmo e Uppsala. A convite do Departamento de Estado dos Estados Unidos,
percorreu 36 estados norte-americanos fazendo conferências sobre cultura
brasileira.
Poeta e ensaista, suas obras estão vinculadas, cronológicamente, à
geração 45.
Na década de 50, teve publicado quatro volumes de poesia e dois de
crítica literária.
Foi Adido Cultural em Lagos, Nigéria, Professor Visitante na
Universidade de Columbia, em Nova York, fez conferências nas Universidades de
Yale, Harvard, Oward, Indiana, Palo Alto, UCLA, Louisiana e Miami. Em 1968 foi
nomeado Adido Cultural em Londres, tendo sido eleito, no início dos 90, para o
cargo de Vice-Presidente Internacional.
Antonio Olinto, foi Membro do PEN Clube do Brasil e também do PEN
Internacional, tendo sido eleito para o cargo de Vice-Presidente
Internacional.
Dirigiu e apresentou os primeiros programas literários de televisão
no Brasil na TV Tupi, e em seguida nas TVs Continental e
Rio.
Em 1955, conheceu a escritora e jornalista Zora Seljan, com quem se
casou. A partir de então, os dois trabalharam juntos em atividades culturais e
literárias e foram eleitos para o Conselho Fiscal do Sindicatos dos Escritores,
em 7 de maio de 1997. Zora Seljan faleceu no Rio de Janeiro em
2006.
Na Academia Brasileira de Letras, exerceu o cargo de diretor-tesoureiro nas
gestões de 1988-99 e 2000, além de diretor da Comissão de Publicações. Recebeu o
Prêmio Machado de Assis, em 1994, pelo conjunto de obras da Academia Brasileira
de Letras, a mais alta láurea literária do Brasil. Em 2000, recebeu o título de
Doutor Honoris Causa, da Faculdade de Letras e do Conjunto Universitário de Ubá
e o Diploma de Excelência da Universidade Vasile Goldis, de Arad (Romênia), pelo
seu trabalho de difusão da cultura brasileira naquele país. Em 2003, inaugurou
na Faculdade de Letras Ozanan Coelho de Ubá, uma biblioteca de 34 mil volumes
que receberam seu nome. Em 2004, o Real Gabinete Português de Literatura do Rio
de Janeiro outorgou-lhe o Título de Sócio Grande
Benemérito.
Nos últimos anos de vida, proferiu conferências em seminários no
Brasil e no exterior, participou das Jornadas de Lusofonia realizadas em Lisboa,
Estocolmo, Gotemburgo, Lund e Copenhague.
Antonio Olinto faleceu
em 2009, aos 90 anos, por falência múltipla de órgãos e foi sepultado no
Mausoléu da ABL.
* Tive o grande
prazer de conhece-lo em 1999, ocasião do "Concurso Novos Talentos", quando meu
livro, "Pedaços de Mim", foi o vencedor. Nele, Antonio Olinto escreveu sua
apreciação, apresentando meu estilo de escrever poesias.
SONETO DE
NATAL
"Mudaria o Natal ou mudei
eu?"
Machado de Assis |
Mudaria o Natal ou mudo iria
Mudar sempre o menino o mundo em tudo?
Ou fui só quem mudei, e meu escudo
Novidadeiro, múltiplo, daria
Ao mudadiço mito da alegria
Em noite tão mutável jeito mudo?
O homem é mudador, muda de estudo,
De mucama, de verso, pouso, dia,
Porque a muda modula esse desnudo
Renascimento em palha, e molda e afia
O instrumento da troca, o fim miúdo,
A noite amena erguendo-se em poesia.
Mudei eu sempre sem saber que mudo
Ou somente o Natal me mudaria?
** ** **
INFÂNCIA
Um
retrospecto
de que
vale?
O menino soltava
papagaio
no morro
transformado em nova imagem,
tão nítida que vai
além do retângulo,
termina no prelúdio
de uma nuvem
e o grito batia
longe
na tarde dos
bambuais,
de que
vale?
Sousa já era mas
sorria,
tinha o fascínio dos
começos,
a fixidez dos olhos
sendo
nada e
flor.
A voz que subia
aflita
(só podia ser de
mãe)
falava da noite
próxima
e de bichos
escondidos
pelo
pasto,
no
regato,
no
caminho,
pela sombra
deslizada de repente
de que
vale?
Na descida tudo
vinha
em gesto nem sempre
visto
de papagaio
vermelho,
papel de seda
rasgado
na maciez do
paiol.
Súbito
era noite e um cão
latia
alto.
Eliana (Shir)
Fontes de
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