AFFONSO CELSO
(1860 -
1938)
Affonso Celso de Assis Figueiredo
Júnior, titulado Conde de Afonso Celso pela Santa Sé, mais conhecido
simplesmente como Affonso Celso, é um dos membros fundadores da Academia
Brasileira de Letras. Filho do Visconde de Ouro Preto, último presidente do
Conselho de Ministros do Império, e de D. Francisca de Paula Martins Toledo,
esta filha do Conselheiro Joaquim Floriano de Toledo, coronel da Guarda
Nacional, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais em 31 de março de 1860 e veio a
falecer no Rio de janeiro a 11 de julho de 1938.
Aos 15 anos de idade,
publicou Os Prelúdios , reunindo uma
pequena coleção de poesias de conteúdo romântico. Cursou a Faculdade de Direito
de São Paulo na qual colou grau em 1880. Defendeu na ocasião, a tese "Direito da
Revolução".
Em 1884, casou-se com D. Eugênia da
Costa e foi levado à condição de Conde Romano em 1905. Curiosamente, Afonso
Celso é trisavô de Dinho Ouro Preto, vocalista da banda brasileira de rock,
Capital Inicial.
Ingressando nas lides políticas,
foi eleito quatro vezes deputado geral por Minas Gerais. Na Assembléia Geral
exerceu as funções de 1º Secretário. Com a proclamação da República, em 1889,
abandonou a política e acompanhou o pai no exílio, que se seguiu à partida da
família imperial para Portugal. Coube-lhe a delicada tarefa de defender o pai no
início da implantação do regime republicano.
Dedicou-se ao magistério e ao
jornalismo, tendo colaborado durante mais de 30 anos no Jornal do Brasil. Outros
órgãos de imprensa, como A Tribuna Liberal, A Semana, Renascença,
Correio da Manhã e o Almanaque Ganier, divulgaram muitos de seus
artigos.
Ingressou no Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro em 1892, na qualidade de sócio efetivo, posteriormente foi
elevado a Honorário, em 1913 e a Grande Benemérito em 1917. Com a morte do Barão do Rio Branco, em 1912, Affonso Celso
foi eleito Presidente Perpétuo dessa instituição (1912/1938).
De sua vasta obra, merecem especial
destaque os seguintes livros: Oito Anos de Parlamento, Trovas, Porque me
Ufano de Meu País - título que gerou críticas e elogios e a popularidade da
expressão "ufanismo" - Segredo Conjugal, O Imperador no Exílio, O
Assassinato do Coronel Gentil de Castro, Um Enjeitado, Rimas de Outrora, Vultos
e Fatos, Lupe e Giovanina Minha filha
Affonso Celso participou das
atividades da Academia Brasileira de Letras, como um dos membros fundadores,
tendo como patrono - na cadeira nº 36 - o poeta Teófilo Dias de Mesquita, filho
de Gonçalves Dias.
No magistério também manteve
atuação destacada, tendo exercido a Cátedra de Economia Política na Faculdade de
Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, da qual foi diretor por alguns
anos e reitor da Universidade do Rio de Janeiro.
A última visita de Affonso Celso à
Academia Brasileira de Letras ocorreu na sessão de 07 de julho de 1939, quatro
dias antes de seu falecimento.
TROVAS
CCXIII
Nunca o teu corpo
acostumes
Ao que de necessidade
Lhe ser estricta não
vês.
Os vícios não lhe
avolumes,
Porque é grave
enfermidade
Cada vício que lhe
dês.
***
CCXIV
Eu dizia não ter senso
Quem no amor inda
confia;
E acabei affecto
immenso
Dando a quem não
merecia.
***
CCXV
Não zombes da cobardia
Deste peito a ti
votado
Que tanto mais te
aprecia
Quanto mais
menosprezado.
***
CCXVI
Não me creias fugidio
Que sempre te hei de
buscar,
Como a água busca o
rio,
Como o rio busca o
mar.
***
CCXVII
Meu coração
imprudente,
Quem é que tinha
razão?
Eu te dizendo: "ella
mente!"
Ou tu contestando:
"não!"
***
CCXVIII
Do amor na escola indo
aprendo,
Sou principiante;
Lições estou recebendo
Da minha amante.
Mas o alumno é tão
ladino,
Tanto se adextra,
Que já não aceita
ensino,
Fornece à mestra.
***
CCXIX
Faceira, entre as mais
faceiras,
Toma sentido,
As horas correm
ligeiras;
Talvez te seja
impedido
Recuperar quando
queiras,
Tamanho tempo perdido.
Eliana (Shir) Ellinger
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