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A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









sábado, 2 de agosto de 2014

ABGAR RENAULT


ABGAR RENAULT
(1901 - 1995)
 
 
Abgar de Castro Araújo Renault foi um professor, educador, político, poeta, ensaista e tradutor brasileiro. Ocupou a cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras e a cadeira 3 da Academia Brasileira de Filologia.
Filho de Leon Renault e de Maria José de Castro Araújo Renault, casou-se com D. Ignez Caldeira Brant Renault, com quem teve três filhos, Caio Márcio, Carlos Alberto e Luiz Roberto e deles três netos, Caio Mário, Abgar e Flávio, e uma bisneta, Ignez.
Sua formação escolar foi em Belo Horizonte, onde começou a exercer o magistério. Foi professor no Ginásio Mineiro de Belo Horizonte e na Universidade Federal de Minas Gerais.
Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro e deu aulas no Colégio Pedro II e na Universidade do Distrito Federal.
Foi eleito deputado estadual por Minas Gerais e exerceu o cargo de direção do Colégio Universitário da Universidade do Brasil e no Departamento Nacional de Educação.
Foi ainda secretário da Educação do Estado de Minas Gerais em dois governos, quando se notabilizou por incentivar o ensino no meio rural. Foi também Ministro de Educação e Cultura no governo de Nereu Ramos e ministro no Tribunal de Contas da União e dirigiu o Centro Regional de Pesquisas Educacionais João Pinheiro em Belo Horizonte.
No período de 1956 a 1959, foi membro da Comissão Internacional do Curriculum Secundário da Unesco. Em 1963 atuou como consultor da Unesco na conferência sobre Necessidades Educacionais da África em Adid Abeba.


Abgar Renault representou o Brasil em numerosas conferências sobre educação, em Londres, Genebra, Paris, Teerã, Belgrado e Santiago do Chile. Por várias vezes foi eleito membro da Redação Final dos documentos dessas reuniões.
Como professor, sempre ligado à educação e preocupar-se com a língua protuguesa, de que foi um conhecedor exímio e representante fiel, foi nomeado Professor Emérito da Universidade Federal de Minas Gerais.


Abgar Renault registrou todos os seus estudos e reflexões em A Palavra e a Ação (1952) e em Missões da Universidade (1955). Além do que, foi grande poeta fazendo parte do grupo surrealista moderno e partipou do movimento modernista de Minas Gerais, sempre com dedicação à literatura contemporânea. Apesar de ter sua obra associada ao Modernismo, escrevia uma poesia original, não ligada a nenhuma escola poética. Suas poesias tem sido incluidas em antologias no Brasil e exterior.
Em 31 de dezembro de 1995, Abgar Renault faleceu no Rio de Janeiro, aos 94 anos de idade.
ALEGORIA
 
Em vão busco acender um diálogo contigo:
a alma sem tom da tua boca de água e vento
despede cinza, névoa e tempo no que digo,
devolve ao chão o meu mais longo pensamento.
 
E entre cactos estira esse deserto ambíguo
que vem da tua altura ao vale onde me ausento,
procurando o teu verbo. O silêncio, investigo-o
e ouço o naufrágio, o vácuo e o desaparecimento.
 
Sonho: desces a mim de um céu de algas e rosas,
falas às minhas mãos vozes vertiginosas
e palavras de flor no teu cabelo enastro.
 
Desperto: pairas ainda em silêncio e infinita:
meu ser horizontal chora treva e medita
tua distância, teu fulgor, teu ritmo de astro.
 
******
 
ENCANTAMENTO
 
Ante o deslumbramento do teu vulto
sou ferido de atônita surpresa
e vejo que uma auréola de beleza
dissolve em lua a treva em que me oculto.
 
Estás em cada reza do meu culto,
sonhas na minha lânguida tristeza
e, disperso por toda natureza,
paira o deslumbramento do teu vulto.
 
É tua vida a minha própria vida,
e trago em mim tua alma adormecida...
Mas, num mistério surdo que me assombra.
 
Tu és, às minhas mãos, fluida, fugace,
como um sonho que nunca se sonhasse
ou como a sombra vã de uma outra sombra.
 
******
 
SONETO IMPOSSÍVEL
 
Não ouvirás nem luz, nem sombra inquieta
das sílabas que beijam tuas asas,
nem  a curva em que morre a ardente seta,
nem tanta eternidade em horas rasas.
 
Não medirás a bêbeda aorola
que abriste no final do meu sorriso,
nem tocarás o mel que canta e rola
na insônia sem estradas onde piso.
 
Não saberás o céu construido a fogo,
que tua jovem chave cerra e empena,
nem os braços de espuma em que me afogo.
 
Não verão os teus olhos quotidiana
a minha morte de homem embebida
no flanco de ouro e luar da tua vida.
 

Fontes de pesquisa:
 


Eliana Ellinger (Shir)
 

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