Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









terça-feira, 30 de junho de 2015

CARLOS PENA FILHO



CARLOS PENA FILHO

(1929 - 1960)
Filho de pais portugueses, Carlos Souto Pena e Laurinda Souto Pena, foi um poeta brasileiro considerado um dos mais importantes poetas pernambucanos na segunda metade do século XX, depois de João Cabral de Melo Neto.
Em 1937, com a separação dos pais, mudou-se para Portugal junto com a mãe e irmãos, Fernando e Mário, indo morar na casa dos avós paternos.  Lá viveu dos oito aos doze anos de idade, quando retornou ao Brasil.
Carlos Pena Filho fez o curso primário enquanto esteve em Portugal e o curso secundário no Recife. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em frente à qual hoje se encontra o busto do poeta.
Em sua homenagem,
a escultura na Praça
da Independência.
Como advogado atuou na repartição do Estado e, em paralelo, trabalhou como jornalista no Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio, onde fez reportagens, escreveu crônicas e publicou alguns de seus poemas.
Durante a vida contou com a amizade e admiração de muitos escritores e poetas de renome. Conviveu estreitamente com Manuel Bandeira, Joaquim Cardoso, João Cabral de Melo Neto, Moura Mota, Gilberto Freyre e Jorge Amado, dentre outros.
Carlos Pena Filho faleceu aos 31 anos, vítima de um acidente de carro ocorrido em 2 de junho de 1960, no Recife.
Sua obra poética é de um lirismo envolvente, com uma imagem plástica onde se destaca a cor, o movimento e a luz. Escreveu vários poemas, tendo nos títulos a palavra 'retrato' e cerca de uma centena contendo os nomes das cores ou referências a elas. Dentre outras, possuia forte interesse no Azul, a ponto de alguns poemas afirmarem que se trata de uma "poesia vestida de azul". Seu primeiro trabalho como poeta, o soneto "Marinha", foi publicado em 1947 pelo Diário de Pernambuco. Em 1952, publicou o primeiro livro: "Tempo da Busca".
Ainda estudante, publicou "Memórias do Boi Serapião", em 1956. Bacharelou-se em 1957 e no ano seguinte seu terceiro livro "A Vertigem Lúcida", premiado pela Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco. Em 1959, o "Livro Geral", reunindo sua obra poética já editada  acrescida de poemas novos (Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro).
Compositor, em parceria com Capiba, renomado músico pernambucano, foi autor de letras de músicas de sucesso, entre as quais destaca-se "A mesma rosa amarela", incorporada ao movimento de Bossa Nova na voz de Maysa.
SONETO OCO
Neste papel levanta-se um soneto
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
** ** **
PARA FAZER UM SONETO
Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere um instante ocasional
neste curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.
Aí, adote uma atitude avara
se você preferir a cor local
não use mais que o sol da sua cara
e um pedaço de fundo de quintal.
Se não procure o cinza e esta vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse
antes, deixe leva-lo a correnteza.
Mas ao chegar ao ponto em que se tece
dentro da escuridão a vã certeza,
ponha tudo de lado e então comece.





Eliana (Shir) Ellinger

Fontes de pesquisa:

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