SYLVIA PLATH
(1932 - 1963)
Sylvia Plath nasceu em Boston,
Massachusttes, em 27 de outubro de 1932. Seu pai, Otto Plath, foi um imigrante
alemão, professor de entomologia na Universidade de Boston.
Quando Sylvia tinha apenas oito anos, seu
pai faleceu e essa perda deixou nela cicatrizes psicológicas profundas,
principalmente porque tinha propenção para o desenvolvimento de estados de
depressão. Ao mesmo tempo em que o pai se tornou uma espécie de referência para
ela, trouxe-lhe também uma sensação de abandono e de mágoa, como se ele tivesse
cometido suicídio pelo fato de não ter buscado tratamento durante a
doença.
Essa mesma sensação de abandono e mágoa
manifestou-se após o término do seu casamento, desaguando, com muita força, na
poesia "Daddy" (Papai), onde algumas pessoas encontram, no mesmo poema,
referências emocionais, tanto ao pai quanto ao ex-marido.
Em 1950 Sylvia entra para o "Smith College", em Northhampton,
Massachusetts, ao mesmo tempo em que continua a escrever, tanto para o jornal do
"Smith College" como para revistas de circulação nacional. Em 1953, Sylvia
começou a apresentar sinais mais claros de depressão, até que em 24 de agosto
desse ano, aproveitando-se de uma ocasião em que ninguém estava em casa, Sylvia
se escondeu num canto da e tomou um punhado de pílulas para dormir. Apenas no
dia 26, Sylvia foi descoberta, ainda viva e encaminhada a um hospital.
Em janeiro do ano seguinte, Sylvia foi liberada para voltar ao
"Smith College", onde prosseguiu com seu sucesso acadêmico, graduando-se com o
mais alto conceito - summa cum laudae.
Com uma bolsa de estudos Fullbright, Sylvia foi para a
Cambridge University na Inglaterra, onde, no início de 1956 conheceu o poeta Ted
Hugher, o grande "garanhão", com quem casou-se, quatro meses depois.
Ted Hughes foi um excelente poeta inglês, tendo inclusive
sido um "Laureate Poet" (Poeta Laureado), de 1984 até a sua morte. Esse título
foi algo como, um "poeta da casa real" e é, hoje em dia, uma honraria concedida
pela realeza britânica à um poeta que se destaca. Apesar de toda a sua obra
poética, Hughes, aparentemente, era bastante grosseiro em sua vida doméstica,
conforme atestam alguns relatos de sua convivência com a sua segunda esposa,
Assia Wevill.
No início do casamento, Sylvia dedicou-se a promover a
carreira literária do marido, sendo que, em 1957, a obra de Hughes "The Hawk in
the Rain" ganhou um prêmio e a publicação nos Estados Unidos e, seguida, na
Inglaterra.
Em junho de 1957, o casal foi para os Estados Unidos e Sylvia
começou a lecionar no "Smith College" mas, findo o semestre letivo, resolveu não
tornar à sua função.
Sylvia e Hughes ficaram nos Estados Unidos até o final de
1959, quando ela, grávida, e o marido voltaram para a Inglaterra, onde em 1º de
abril de 1960, nasceu Frieda, a primeira filha do casal.
Em fevereiro de 1961, Sylvia foi vítima de um aborto, mas, em
janeiro de 1962, depois da mudança do casal, de Londres para Devon, nasceu o
segundo filho, Nicholas.
Porém, o casamento começou a desmoronar. A razão definitiva
foi o envolvimento de Ted Hughes com Assia Wevill, então casada com o poeta
David Wevill. Em outubro de 1962, Ted saiu definitivamente de casa e, a partir
daí, Sylvia, com toda sua decepção, escreveu alguns dos melhores poemas de sua
carreira.
Em dezembro, ela volta com os filhos para Londres e, em 1963,
seu romance "The Bell Jar" (A Redoma de Vidro), um romance semi-autobiográfico,
sob o pseudônimo de Victória Lucas, com detalhamentos do histórico de sua luta
contra depressão, foi publicado na Inglaterra.
Porém, ela entrou num estado de desestruturação psicológica
irreversível. Traída pelo marido, atormentada por uma gravidez da rival,
sozinha, com filhos pequenos, num inverno perverso e sem sol, num apartamento
sem telefone e com um aquecimento deficiente, Sylvia desistiu da vida. Em 11 de
fevereiro de 1963, após preparar pão e leite e deixa-los no quarto dos filhos,
selou as frestas da porta. Desceu para a cozinha, selou-a também, tomou uma
grande quantidade de narcóticos, deitando logo após a cabeça no interior do
forno, com gás ligado.
A partir de seu suicídio e após a publicação de "Ariel", em
1965, Sylvia Plath se tornou um dos grandes mitos da literatura norte-americana
e creditada por dar continuidade ao gênero de poesia confessional, iniciado por
Robert Lewel e W.D. Snodgrass.
Além da força de seu trabalho literário, os acontecimentos de
sua vida e os fatos trágicos que se passaram com aqueles que com ela se
envolveram, direta ou indiretamente, contribuíram - e contribuem - para uma aura
que se formou em torno da poeta.
ESPELHO
Sou prata e exato. Eu não prejulgo
O que vejo engulo de
imediato
Tal qual é, sem me embaçar
de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um
deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em
frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu
coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.
Agora sou um lago. Uma mulher se inclina
para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente
é.
Mas logo se volta para aqueles farçantes,
o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito
fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de
mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e
vem.
A cada manhã sua face reveza com a
escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma
velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe
horrendo.
(Tradução de Vinicius
dantas)
Fontes de pesquisa:
Trabalho de Pesquisa Eliana Ellinger (Shir)
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