AFONSO FÉLIX DE SOUSA
(1925 - 2002)
Afonso Félix de Sousa, filho de Raul Félix de Sousa e Franciaca
Amorim Félix, nasceu em Jaraguá, Goiás, em 5 de julho de 1925.
Aos nove anos mudou-se para
Pires do Rio (GO), onde seu pai foi exercer o cargo de agente fiscal de rendas
estaduais.
Fez os estudos primários em sua
terra natal, o ginásio no Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, em Catalão (GO) e
no Ginásio Anchieta de Bonfim, hoje Silvânia-GO e concluiu o segundo grau no
Lyceu de Goiânia.
Em 1942, Afonso Félix publicou os
primeiros poemas no jornal Voz Juvenil, do
Ginásio
Anchieta. No ano seguinte,
mudou-se para Goiânia, onde iniciou sua atividade literária, colaborando em
jornais como O Popular , A Folha de Goiás e na revista Oeste.
Em 1946, fundou a Associação Brasileira de Escritores (sessão de
Goiás)
sendo eleito, no Rio de Janeiro,
secretário da ABDE, quando era Presidente o romancista Graciliano
Ramos.
Em 1953, foi contemplado com bolsa
de estudos para um curso de especialização em economia na École Pratique des
Hautes Études, da Sorbone, em Paris. Dois anos depois, retorna ao Brasil.
Designado pelo Ministro das Relações Exteriores e pelo Banco do Brasil, em 1970,
Afonso Félix foi adido na Embaixada Brasileira, em
Beirute.
Em 1975, aposentou-se no Banco do
Brasil, onde trabalhou muitos anos nos setores de câmbio e comércio exterior.
Então, passou a residir em Chicago a partir de 1986.
Sua estréia em livros foi O
Túnel, coletânea de poemas editada pela revista Orfeu, em
1948.
Em 1999, teve sua obra Íntima
Parábola incluida por um seleto juri e escolhido pelo jornal 'O
Popular' , de Goiânia, entre os 20 livros mais importantes do século XX, em
Goiás.
Afonso Félix fundou as revistas
'Agora' e 'Ensaio' , a Assossiação Brasileira de Escritores e
Assossiação Nacional de Escritores. Recebeu os Prêmios: Olavo Bilac, do
Departamento de Cultura da Secretaria de Educação do então Distrito Federal, em
1957, com o livro Íntima Parábola; Prêmio Alvares de Azevedo, da
Academia Paulista de Letras, em 1960, com o livro Íntimas Parábolas;
Prêmio Tioco, da União Brasileira de Escritores, seção Goiás, em 1979, com
o livro Antologia Poética; Prêmio de poesia do Pen Club do Brasil, em
1981, com a coroa de sonetos A Engrenagem do Belo; Prêmio Jaburu, do
Conselho Estadual de Cultura de Goiás, em 1990, como 'Personalidade do Ano';
Prêmio Nacional de Poesia 2001 da Academia Brasileira de
Letras.
Afonso Félix foi casado com a
poetisa Astrid Cabral e irmão dos escritores Domingos e Aída Félix de Souza.
Faleceu no Rio de Janeiro, dia 07 de setembro de 2002.
Nos recantos tranquilos
encontrava
a poesia. Sobre mim e o
rio
debruçavam-se as árvores. Os
pássaros
eram ecos nos seus primeiros
cantos.
Ruas de chuvas leves, nunca o
inverno.
Com o menino brincar vinhas as
tardes
e vinha o céu. Adeus, nuvens
cinzentas
onde vagam os monstros meus da
infância.
Já não vibram as músicas
ingênuas
na planície escutadas. A
poesia
difícil se tornou e vive em
sombras.
Em mim que tanto amei hoje às
palavras
movem-se para as ásperas
mensagens
e vão morrer na incompreensão dos
gestos.
** **
**
SONETO DO
REENCONTRO
Nada mais esperar, se o
sentimento
que um dia escravo e deus de mim
fizera,
é hoje o doce e amargo no
alimento
a alimentar quem sou com quem eu
era.
E nunca o fui, senão em
pensamento.
Nada mais a esperar? - Mas clama a
espera no fundo
do que sonho, quero e
invento
com o que resiste, em mim, ao anjo
e à fera.
Oh, não mais esperar! - E o
desespero
seria em minha voz, como em meus
braços,
a espera mais total, do
prisioneiro
Que, encerrado em si mesmo, sente
o espaço...
Que inteiro está o amor no
derradeiro
pedaço deste amor que
despedaço.
Eliana (Shir) Ellinger
Fontes de Pesquisa:
Nenhum comentário:
Postar um comentário