ANA LUIZA AMARAL
Ana Luiza Amaral nasceu em Lisboa e
vive, desde os nove anos, em Leça da Palmeira. Tem um doutoramento sobre a
poesia de Emily Dickinson e as suas áreas de investigação são Poéticas
Comparadas, Estudos Feministas e Estudos Queer. É professora associada da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde integra também a direção do
Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Tem publicações acadêmicas em
Portugal e no estrangeiro. É autora, com Ana Gabriela Macedo, do Dicionário
de Crítica Feminista (Porto: Afrontamento, 2005) e preparou a edição
anotada de Novas Cartas Portuguesas (1972) de Maria Isabel Barreno,
Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.
Ana Luiza está representada em
inúmeras antologias portuguesas e estrangeiras, seus poemas lidos em vários
países, como Brasil, Espanha, Irlanda, Rússia, Estados Unidos da
América, Alemanha, Romenia, Polônia, Suécia, Holanda, China, México, Colômbia e
Argentina.
Em torno de seus livros de poesia e
infantís, foram levados à cena espetáculos de teatro e leituras encenadas, como O Olhar Diagonal das Coisas, A História
da Aranha Leopoldina, Próspero Morreu ou Amor aos
Pedaços.
Em 2007, venceu o Prêmio Literário
Casino da Pávoa, atribuido no âmbito do encontro de escritores de expressão
ibérica Correntes d'Escritores na Pávoa de Vaizim, com a obra A Génese do
Amor. No mesmo ano, foi galardoada na Itália com o Prêmio de Poesia
Giuseppe Acerbi.
Ana Luiza também recebeu, em 2008,
o Grande Prêmio de Poesia da APE (Associação Portuguesa de Escritores, com seu
livro Entre Dois Rios e Outras Noites.
Em 2014, a Editora Peter Lang, do
Reino Unido, edita um livro de ensaios reunidos.
ESPAÇOS
As nuvens não se
rasgaram
nem o sol: só a
porta
do meu
quarto
A abrir-se
noutras
portas dando para
outros
quartos e um corredor ao
fundo
Não havia janelas
nem
silêncios: sinfonias por
dentro
a rasgar o
silêncio
A porta do meu
quarto
já nem porta: madeiramento
para o fogo.
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NAVEGAÇÕES
DOENTES
Tenho os sintomas
todos:
navegam-me
fluidos
e o devaneio em barcos de
desejo.
Os sons de
trovoada
mesmo tapando
ouvidos,
esclerótica paixão que não
domino.
Tenho os sintomas
todos
e assim me
reconheço
acamada, incurável: na parede do
fundo
navegante, os
barcos.
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