ANTERO DE QUENTAL
(1842 - 1891)
Antero Tarquínio de Quental nasceu
em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal. Filho do
combatente Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia, iniciou seus estudos
em Ponta Delgada e, com 16 anos, foi estudar Direito em
Coimbra.
Foi poeta e filósofo português, um
verdadeiro líder intelectual do Realismo em sua pátria. Dedicou-se à reflexão
dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo e contribuiu para a
implantação das idéias renovadoras da geração de 1870.
Em 1861 publicou seu primeiro
livro, "Sonetos de Antero". Em 1865, um grupo de estudantes da Universidade de
Coimbra, critica as velhas idéias do Romantismo, o que fez surgir uma polêmica
entre a velha e a nova geração de poetas. Essa manifestação originou-se de um
texto do poeta romântico António Feliciano de Castilho, no qual ele criticava as
novas idéias literárias de Antero de Quental e Teófilo
Braga.
Antero responde de maneira
violenta, escrevendo uma carta aberta que foi divulgada com o título de "Bom
senso e bom gosto". Nela, Antero acusa Castilho de obscurantismo e defende a
liberdade de pensamento dos novos escritores.
Antero de Quental expressa em seus
sonetos a sua inquietação religiosa e metafísica, constituindo a parte mais
importante de sua obra "Sonetos de Antero" (1861), "Primaveras Românticas"
(1872), "Sonetos Completos" (1886), "Raios de Extinta Luz" (1892), entre outros
de grande sucesso até os dias de hoje.
É considerado, ao lado de Bocage e
Camões, um grande sonetista da literatura portuguesa.
Antero de Quental, sofrendo de
depressão, suicida-se no dia 11 de setembro de 1891, em Ponta Delgada, sua terra
natal.
NIRVANA
Viver assim: sem ciúmes, sem
saudades,
Sem amor, sem anseios, sem
carinhos,
Livre de angústias e
felicidades,
Deixando pelo chão rosas e
espinhos;
Poder viver em todas as
idades,
Poder andar por todos os
caminhos,
Indiferente ao bem e às
falsidades,
Confundindo chacais e
passarinhos;
Passear pela terra e achar
tristonho
Tudo que em torno se ve, nela
espalhado,
A vida olhar como através de um
sonho;
Chegar onde eu cheguei, subir à
altura
Onde agora me encontro - é ter
chegado
Aos extremos da Paz e da
Ventura!
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HINO À RAZÃO
Razão, irmã do Amor e da
Justiça,
Mais uma vez escuta a minha
prece
É a voz dum coração que te
apetece,
Duma alma livre, só à ti
submissa.
Por ti é que a poeira
movediça
De astros e sóis e mundos
permanece,
E é por ti que a virtude
prevalece,
E a flor do heroísmo medra
viça.
Por ti, na arena trágica, as
nações
Buscam a liberdade, entre
clarões,
E os que olham o futuro e cismam,
mudos
Por ti, podem sofrer e não se
abatem,
Mãe dos filhos robustos, que
combatem
Tendo o teu nome escrito em seus
escudos!
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Eliana
Ellinger
Fontes de pesquisa:
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