BERNARDINO
LOPES
(1859 - 1916)
O poeta mulato Bernardino da Costa
Lopes, nasceu no arraial de Boa Esperança (Rio Bonito), Província do Rio de
Janeiro, antes do fim da escravidão, mas como filho de pais livres e membros da
classe média pobre: o pai, Antônio Costa Alves, era escrivão e
sua mãe, Mariana, costureira, obteve aceitação literária na sociedade devido
principalmente a suas poesias.
B. Lopes foi um dos fundadores da Folha Popular
(1891), onde foi lançado o primeiro manifesto ao Simbolismo no Brasil. Chegou a
gozar de certo prestígio na época, inclusive a prefaciar o primeiro livro de
versos (Anforas) de Jonas da Silva e teve epígonos que o imitaram, influenciados
principalmente através de volume Cromos em várias partes do
país.
Bernardino era amigo pessoal de Olavo Bilac e se
encontravam na casa da Princesa Isabel, onde conheceu Cleta Vitória de Macedo,
com quem veio a casar e teve cinco filhos, todos homens.
Casado, desorganizou sua vida por
motivos de ordem sentimental e entregou-se ao álcool. Foi ridicularizado no fim
da vida por conta de um soneto infeliz, de louvor ao Marechal Hermes da
Fonseca.
Conhecido por B. Lopes, fazia
parte da boemia intelectual e sua poesia recolhe diferentes tendências da
passagem do século XIX ao XX. Da primeira etapa, vista como parnasiana, é
"Cromos" (1881), com o qual obteve reconhecimento nacional.
Seus "Cromos" representam -
segundo Alfredo Bosi - "uma linha rara entre nós: a poesia das coisas
domésticas, os rítmos do cotidiano".
Junto com Cruz e Souza, Emiliano
Perneta e Oscar Rosas, Bernardino Lopes formou o primeiro grupo de simbolistas
brasileiros. Desse novo período, fazem parte "Brasões" (1895) e "Val delírios"
(1900), entre outros.
B. Lopes viveu os esplendores das
duas correntes literárias com as obras poéticas: Cromos (1881), Pizzicatos
(1886), Dona Carmen (1894), Brasões (1895), Sinhá Flor (1899), Val delírios
(1900), Helenos (1901) Patriarca (1904) e Plumário
(1905).
Em 1906, B. Lopes morre de
tuberculose. A hibridez de suas poesias, parnasianas e simbolistas, continuam a
merecer novos leitores.
PER PURA
Clara manhã,
rutilante
Ascende o sol no
horizonte;
Corre uma aragem
fragrante
Por vale, planície e
monte,
Trazendo nas finas
asas
Um lindo som de
cantigas.
De cima daquelas
casas,
Casinhas brancas e
amigas,
Sobem fumos
azulados
E há pombos pelos
telhados.
Cresce o rumor das
cantigas...
Surge um farrancho de
gente
Alegre, farta e
contente,
De samburás e de
gigas.
Andam colhendo
espigas
Do milharal pardo e
seco;
É dali que vem o
eco
De tão bonitas
cantigas...
Cantai, cantai,
raparigas!
** **
**
QUANDO EU
MORRER
Quando eu morrer em véspera
tranquila,
Num por-do-sol de goivos e
saudade,
Da velha igreja, que a Madona
asila,
O sino grande a soluçar
Trindade;
Quando o tufão do mar que me
aniquila
soprar minh'alma para a
Eternidade,
Todas as flores dos jardins da
vila,
Certo, eu terei da tua
caridade.
E, já na sombra amiga do
cipreste,
Há de haver uma lágrima
piedosa,
A edência gota, a pérola
celeste,
Para quem desfolhou, temo, e as
mãos cheias,
O lírio, o bogari, o cravo e a
rosa,
Pelas estradas brancas das
aldeias.
Tranalho de Pesquisa: Eliana (Shir) Ellinger
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