Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









segunda-feira, 9 de março de 2015

ALEXANDRE O'NEILL


ALEXANDRE O'NEILL
(1924 - 1986)
 
 

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill de Bulhões, poeta português, descendente de irlandeses nasceu em Lisboa. Autodidata, fez os estudos liceais, frequentou a Escola Náutica (Curso de Pilotagem), trabalhou na Previdência, no ramo dos seguros, nas bibliotecas itinerantes da Fundação Gulbenkian, e foi técnico de publicidade. Durante algum tempo, publicou uma crônica semanal no Diário de Lisboa.
Datam do ano de 1947 duas cartas de O'Neill que demonstram o seu interesse pelo surrealismo, dizendo numa delas (de Outubro) possuir já os Manifestos de Breton e a Histoire du Surrealisme de M. Nadeau. Nesse mesmo ano, O'Neill, Cesariny e Mário Domingues começam a fazer experiências a nível da linguagem, na linha do surrealismo, sobretudo com os seus Cadáveres Esquisitos e Diálogos Automáticos, que conduziam ao desmembramento do sentido lógico dos textos e à pluralidade de sentidos. Por volta de 1948, fundou com o poeta Cesariny, com José-Augusto França, António Pedro e Vespeira, o Grupo Surrealista de Lisboa.
Em 1949, tiveram lugar as principais manifestações do movimento surrealista em Portugal, como a Exposição do Grupo Surrealista de Lisboa. Nessa ocasião, Alexandre O'Neill publicou A Ampola Miraculosa, constituída por 15 imagens sem qualquer ligação e respectivas legendas, sem que entre imagem e legenda se estabelecesse um nexo lógico, o que torna altamente irônico o subtítulo da obra, «romance». Esta obra poderá ser considerada paradigmática do surrealismo português. Foram lançados, ainda nesse ano, os primeiros números dos Cadernos Surrealistas.



 Depois de uma fase de ataques pessoais entre os dois grupos (1950-52), que atingiram sobretudo José-Augusto França, e após a morte de António Maria Lisboa, extinguiram-se os grupos surrealistas, continuando todavia o surrealismo a manifestar-se na produção individual de alguns autores, incluindo o próprio Alexandre O'Neill, que se demarcara, já em 1951, no Pequeno Aviso do Autor ao Leitor, inserido em Tempo de Fantasmas. Nessa mesma obra, sobretudo na primeira parte, Exercícios de Estilo (1947-49), a influência do surrealismo manifesta-se em poemas como Diálogos Falhados, Inventário ou A Central das Frases e na insistência em motivos comuns a muitos poetas surrealistas, como a bicicleta e a máquina de costura. Na segunda parte da obra, Poemas (1950-51), essa influência, embora ainda presente, é atenuada, como em No Reino da Dinamarca (1958) e Abandono Vigiado (1960).



Depois de uma fase de ataques pessoais entre os dois grupos (1950-52), que atingiram sobretudo José-Augusto França, e após a morte de António Maria Lisboa, extinguiram-se os grupos surrealistas, continuando todavia o surrealismo a manifestar-se na produção individual de alguns autores, incluindo o próprio Alexandre O'Neill, que se demarcara, já em 1951, no Pequeno Aviso do Autor ao Leitor, inserido em Tempo de Fantasmas. Nessa mesma obra, sobretudo na primeira parte, Exercícios de Estilo (1947-49), a influência do surrealismo manifesta-se em poemas como Diálogos Falhados, Inventário ou A Central das Frases e na insistência em motivos comuns a muitos poetas surrealistas, como a bicicleta e a máquina de costura. Na segunda parte da obra, Poemas (1950-51), essa influência, embora ainda presente, é atenuada, como em No Reino da Dinamarca (1958) e Abandono Vigiado (1960).




Alexandre O'Neill escreveu Tempo de Fantasmas (1951), No Reino da Dinamarca (1958), Abandono Vigiado (1960), Poemas com Endereço (1962), Feira Cabisbaixa (1965), De Ombro na Ombreira (1969), Entre a Cortina e a Vidraça (1972), A Saca de Orelhas (1979), As Horas Já de Números Vestidas (1981), Dezenove Poemas (1983) e O Princípio da Utopia (1986). A sua obra poética foi ainda recolhida em Poesias Completas, 1951-1984. Foi ainda editada uma antologia, postumamente, com o título Tomai Lá do O'Neill (1986). Publicou dois livros em prosa narrativa, As Andorinhas não Têm Restaurante (1970) e Uma Coisa em Forma de Assim (1980, volume de crónicas), e as Antologias Poéticas de Gomes Leal e de Teixeira de Pascoaes (em colaboração com F. Cunha Leão), de Carl Sandburg e João Cabral de Melo Neto. Gravou o disco «Alexandre O'Neill Diz Poemas de Sua Autoria». Em 1966, foi traduzido e publicado na Itália, pela editora Einaudi, um volume da sua poesia, Portogallo Mio Rimorso. Recebeu, em 1982, o Prémio da Associação de Críticos Literários.
Em 1976, sofre um ataque cardíaco, que o poeta admitiu causado pela vida desregrada que sempre tinha. No início dos anos 80, já divorciado de Teresa Gouveia, repartia o seu tempo entre a casa e a Rua da Escola Politécnica e a Vila de Constância. Em 1984, sofreu um acidente vascular cerebral. Faleceu em Lisboa, em 31 de agosto desse ano.
A 10 de junho de 1990 deram-lhe, em homenagem póstuma, o título de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'lago da Espada.

 
  
AOS VINDOUROS, SE HOUVER
 
Vós, que trabalhais só duas horas,
a ver a trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes ética;
 
Que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres do medo,
sem peçarios, calendários, pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;
 
Computai, computai a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pr' aqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;
 
Que nós fomos (fatal necessidade)
quadrúmanos da vossa humanidade.


** ** *
  
O AMOR
 
O amor é amor - e depois?
vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...
 
O meu peito contra o teu peito
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há o espaço para amar!
 
Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois?
espírito e calor!
 
O amor é o amor - e depois?





Eliana (Shir) Ellinger
 
Fontes de pesquisa:
 



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