Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









segunda-feira, 9 de março de 2015

RODRIGUES DE ABREU


RODRIGUES DE ABREU
(1897 - 1927)
 
 
Benedito Luis Rodrigues de Abreu, nasceu em Capivari em 27 de setembro de 1897, na fazenda Picadão. Aos sete anos passou a morar em Piracicaba, onde começou os estudos em "escola de sítio".
Aos 12 anos foi para São Paulo com a família, primeiro moraram no Brás, depois em Vila Albuquerque, onde trabalhou numa farmácia com entregas a domicílio, até ser internado no Liceu Coração de Jesus, para aprender uma profissão. Em maio de 1918 voltou com a família para Capivari, onde trabalhou na Caixa de Crédito Agrícola.
Seu contato com a poesia aconteceu no colégio, onde aprendeu métrica lendo Simões Dias e sua primeira composição, de acordo com os amigos, foi "O Famélico", obra inspirada no "Pedro Ivo" de Castro Alves.
As obras mais antigas do poeta capivariano foram descobertas pelo professor Carlos Lopes de Mattos, intituladas O Caminho do Exílio e A Virgem Maria, ambas publicadas na revista Ave Maria, em novembro/dezembro de 1916. Em Capivari seus poemas eram publicados nos jornais Gazeta de Capivari e O Município.
Além de poeta, Rodrigues de Abreu era orador talentoso, grande ator e desportista. Foi centro-avante do Capivariano F.C., para o qual compôs o hino oficial.
Ele fundou o "Grêmio Literário e Recreativo de Capivari, grupo que encenou Capivari em Camisola, escrita por Epaminondas de Almeida, na parte em prosa e por Rodrigues de Abreu nas passagens em versos.
O seu livro de estréia deveria ter sido Folhas, que foi submetido à apreciação de Amadeu Amaral que referiu-se assim à obra: "Depois de Olavo Bilac e Martins Fontes, é o melhor livro de estréia que tenho visto". Contudo, devido à dificuldades de publica-lo e levado pelo interesse de seu primeiro editor (Amadeu Castanho) de publicar o que o jovem escritor desejasse, antes de Folhas sugiu Noturnos com evidente sucesso.
Trabalhou com Amadeu Amaral em A Cigarra , em São Paulo, em 1921 e em 1922 foi para Bauru. Dois anos depois teve que ser internado em Campos do Jordão devido à tuberculose que já se pronunciara em 1919.


 nessa época que lança A Sala dos Passos Perdidos e passa a assinar 'Rodrigues Abreu'.
Em 1925 mudou-se para São José dos Campos. Surge então sua obra, Casa Destelhada.
Em 1927 foi para Atibaia e retornou à Bauru, onde veio a falecer aos 30 anos de idade, devido à doença.

Desde o início, Abreu já confessara o desejo de "ser tuberculoso". Segundo ele, esse era o mal que geralmente acometia os grandes poetas do passado.
"Com ele, (escreveu Odílio Costa Filho) expira o simbolismo no Brasil e expira com beleza. Dor e beleza" .

AO LUAR
 
Os santos óleos, do alto, o luar derrama...
Eu, pecador, ao claro luar ungido,
Sonho: e sonhando rezo comovido
E arrebatado na divina chama.
 
Deus piedoso, consolo do oprimido,
Se compadece, à voz que ardente clama,
Porque meu coração, impura lama,
É um brado intenso para os céus erguido!
 
E o divino perdão desce da altura:
Grandes lírios alvíssimos florescem
Sob a lua. floresce a formosura...
 
E nessa florescência, imaculados
Raios longos do luar piedoso descem,
Choram comigo sobre os meus pecados.
 
******
 
CASA DESTELHADA
 
A minha vida é uma casa destelhada
por um vento fortíssimo de chuva
(As goteiras de todas as misérias
estão caindo em lentidão perversa
na terra triste do meu coração).
 
A minha alma, a inquilina, está pensando
que é preciso mudar-se, que é preciso
ir para uma casa bem coberta...
 
(As goteiras estão caindo,
lentamente, perversamente,
na terra molhada do meu coração).
 
Mas a minha alma está pensando
em adiar, quanto mais, a mudança precisa.
Ela quer muito à velha casa
em que foi feliz...
E encolhe-se, toda transida de frio,
fugindo às goteiras que caem lentamente
na terra esverdeada do meu coração!
 
Oh! A felicidade estranha
de pensar que a casa aguenta mais
um ano
nas paredes oscilantes!
Oh! a felicidade voluptuosa
de adiar a mudança, demorá-la,
ouvindo a música das goteiras tristes,
que caem lentamente, perversamente,
na terra gelada do meu coração!
 
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Eliana (Shir) Ellinger


Fontes de Pesquisa:
 


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