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Clube de Poetas









sábado, 19 de novembro de 2011

JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS

JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS
(1937 - 1984)

Proveniente de uma família da alta burguesia, com antepassados aristocratas , era filho do médico Carlos Ary dos Santos e de Maria Bárbara de Miranda e Castro Pereira da Silva.

Estudou no Colégio de São João de Brito, em Lisboa, onde foi um dos primeiros alunos. Após a morte da mãe, vê publicados pela mão de vários familiares, alguns dos seus poemas. Tinha catorze anos e viria, mais tarde, a rejeitar esse livro. Ary dos Santos revelou, verdadeiramente, as suas qualidades poéticas em 1954, com dezesseis anos de idade. Várias poesias suas integraram então a Antologia do Prêmio Almeida Garret.

No mesmo ano, Ary abandona a casa da família. Para seu sustento econômico exerce as mais variadas atividades, que passariam pela venda de máquinas para pastilhas elásticas, até ao trabalho numa empresa de publicidade. Não cessa de escrever e, entretanto, dá-se a sua estréia literária efetiva, com a publicação de A Liturgia do Sangue (1963). Em 1969 adere ao Partido Comunista Português, com qual participa ativamente nas sessões de poesia do então intitulado Canto Livre Perseguido.

Através da música chegou ao grande público, concorrendo, por mais que uma vez, ao Festival RTP da Canção, sob pseudônimo, como exigia o regulamento. Classifiou-se em primeiro lugar com as canções Desfolhada Portuguesa, na interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra, interpretada por Tonicha, Tourada e Portugal no Coração, interpretações do conjunto Os Amigos.

Após o 25 de Abril, torna-se um dinamizador cultural da esquerda, percorrendo o país de lés a lés. No Verão Quente de 1975, juntamente com militantes da UDP e de outras forças radicais, envolve-se no assalto à Embaixada de Espanha, em Lisboa.

Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos conquistou muitos amigos. Gravou, ele próprio, textos e poemas de muitos outros autores e intérpretes. Notabilizou-se também como declamador, tendo gravado um duplo álbum contendo O Sermão de Santo Antônio aos Peixes, do Padre Antônio Vieira. À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia ser uma autobiografia romanceada.

Depois de falecer, a 18 de janeiro de 1984, seu nome foi dado a um largo do bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na fachada da sua casa, na Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida. Ainda em 1984, foi lançada a obra VIII Sonetos de Ary dos Santos, com um estudo sobre o autor de Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguêsa de Autores, da qual o autor era membro. Em 1988, Fernando Tordo editou o disco O Menino Ary dos Santos, com os poemas escritos na sua infância. Em 2009, Mafalda Arnauth, Susana Félix, Viviane e Luanda Cozeti dão voz ao álbum de tributo Rua da Saudade - Canções de Ary Santos.

Hoje, o poeta do povo é reconhecido por todos, pois a sua obra permanece na memória e, estranhamente, muitos dos seus poemas continuam atualizados. Todos os grandes cantores o interpretaram e ainda hoje surgem boas vozes a cantá-lo na perfeição.

SONETO DE MAL AMAR

Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.

Fontes de pesquisa:
http://www.pt.wikipedia.org
www.citador.pt

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)

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