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Clube de Poetas









domingo, 31 de julho de 2011

ALMEIDA GARRETT

ALMEIDA GARRETT
(1799 - 1854)


João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799. Passou a sua infância na Quinta do Sardão, em Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na Ilha Terceira , quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.

Em 1816, tendo regressado a Portugal, inscreveu-se na Universidade, na Faculdade de Leis, sendo aí que entrou em contacto com os ideais liberais. Em Coimbra, organiza uma loja maçônica, que será frequentada por alunos da Universidade como Manuel Passos. Em 1818, começa a usar o apelido Almeida Garrett, assim como toda a sua família.

A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dândi, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos. Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal. Separado da esposa, Luisa Midosi, com quem se casou em 1822, quando esta tinha 11 anos de idade, passa a viver em mancebia com D. Adelaide Pastor até a morte desta, em 1841.

A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, andaluza casada, desde 1837, com o oficial do exército português Joaquim António Velez Barreiros, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas Caídas.

Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal, Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta do Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de Saldanha.

Escritor e Dramaturgo romântico, foi o proponente da edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e da criação do Conservatório.

Participa entusiasticamente na revolução de 1820, de que parece ter tido conhecimento atempado, como parece provar a poesia 'As Férias', escrita em 1819. Enquanto dirigente estudantil e orador defende o vintismo com ardor escrevendo um Hino Patriótico recitado no Teatro de São João.

Em Coimbra publica o poema libertino 'O Retrato de Vénus', que lhe vale ser acusado de materialista e ateu, assim como de "abuso da liberdade de imprensa", de que foi absolvido em 1822. Torna-se secretário particular de Silva Carvalho, secretário de estado dos Negócios do Reino, ingressando em Agosto na respectiva secretaria, com o lugar de chefe de repartição da instrução pública.

A Vilafrancada, o golpe militar de D. Miguel que, em 1823, acaba com a primeira experiência liberal em Portugal, leva-o para o exílio. Estabelece-se em Março de 1824 no Havre, cidade portuária francesa na foz do Sena, mas em Dezembro está desempregado, o que o leva a ir viver em Paris. Não lhe sendo permitido o regresso a Portugal, volta ao seu antigo emprego no Havre.

É anistiado após a morte de D. João VI, regressando com os últimos emigrados, após a outorga da Carta Constitucional, reocupando em Agosto o seu lugar na Secretaria de Estado. Em Outubro começa a editar 'O Português', diário político, literário e comercial, sendo preso em finais do ano seguinte. Libertado, volta ao exílio em Junho de 1828, devido ao restabelecimento do regime absoluto por D. Miguel. De 1828 a Dezembro de 1831 vive em Inglaterra, indo depois para França, onde se integra num batalhão de caçadores e, mais tarde, em 1832, para os Açores integrado na expedição comandada por D. Pedro IV. Nos Açores transfere-se para o corpo acadêmico, sendo mais tarde chamado, por Mouzinho da Silveira, para a Secretaria de Estado do Reino.

Morre devido a um cancro de origem hepática, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres.

NÃO TE AMO

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n 'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.




ESTE INFERNO DE AMAR

Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei
Mas nessa hora a viver comecei…

Fontes de pesquisa:

http://www.portalsaofrancisco.com.br
www.pt.wikipedia.org
www.revista.agulha.nom.br

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)

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