Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









sábado, 2 de julho de 2011

HILDA HILST


Hilda Hilst, a única filha do fazendeiro de café, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst - filho de Eduardo Hilst, imigrante originário da Alsácia-Lorena e de Maria do Carmo Ferraz de Almeida Prado - e sua mãe, Bedecilda Vaz Cardoso - filha de imigrantes portugueses - nasceu em Jaú, Estado de São Paulo, em 21/O4/1930. Em 1932, seus pais se separaram. Em plena Revolução Consticionalista, Bedecilda mudou-se para Santos, com Hilda e Ruy Vaz Cardoso, filho do seu primeiro casamento. Em 1935, Apolônio foi diagnosticado como paranóico esquisofrênico

Em 1937, Hilda ingressou como aluna interna do Colégio Santa Marcelina, em São Paulo, onde cursou o primário e o ginasial, com desempenho considerado brilhante.
Em 1945, iniciou o curso secundário no Instituto Plesbiteriano Mackenzie, onde permaneceu até a conclusão do curso. Em 1948 , entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco). Seu primeiro livro, Presságio, foi publicado em 1950. A partir de 1951, ano em que publicou seu segundo livro de poesia, Balada de Alzira, foi nomeada curadora do pai, que estava muito doente. Concluiu o curso de Direito em 1952.
Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil. Em 1962, recebeu o Prêmio PEN Clube de São Paulo, por Sete Cantos do Poeta para o Anjo.
Em 1966, mudou-se para a Casa do Sol, uma chácara próxima a Campinas, onde hospedou diversos escritores e artistas por vários anos. Ali dedicou todo seu tempo à criação literária.
Na Casa do Sol, construída na fazenda, passou a viver com o escultor Dante Casarini. Em setembro do mesmo ano, morreu seu pai. Dois anos depois, Hilda casou-se com Dante.
Em 1969, a peça O Verdugo arrebatou o Prêmio Anchieta, um dos mais importantes do país na época. No mesmo ano, a cantata Pequenos Funerais Cantantes, composta por seu primo, o compositor Almeida Prado, sobre o poema homônimo de Hilda, dedicado ao poeta português Carlos Maria Araújo, conquistou o primeiro prêmio do I Festival de Música da Guanabara.

A Associação Paulista de Críticos de Arte (Prêmio APCA) considerou Ficções (Edições Quíron, 1977) o melhor livro do ano. Em 1981, Hilda Hilst recebeu o Grande Prêmio da Crítica para o Conjunto da Obra, pela mesma Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1984, a Câmara Brasileira do Livro concedeu o Prêmio Jabuti, idealizado por Edgard Cavalheiro (1959) a Cantares de Perda e Predileção e, no ano seguinte, a mesma obra recebeu o Prêmio Cassiano Ricardo . Rútilo Nada, publicado em 1993, pela editora Pontes, levou o Prêmio Jabuti como melhor conto. E, finalmente, em 9 de agosto de 2002, foi premiada na 47ª edição do Prêmio Moinho Santista na categoria Poesia.

A escritora ainda participou, a partir de 1982, do Programa do Artista Residente, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Assuntos tidos como socialmente controversos, por exemplo, o lesbianismo, a homossexualidade e a pedofilia, foram temas abordados pela autora em suas obras. No entanto, conforme a própria escritora confessou em sua entrevista ao Cadernos de Literatura Brasileira, seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a difícil relação entre Deus e o homem.

Seu arquivo pessoal foi comprado pelo Centro de Documentação Alexandre Eulálio, Instituto de Estudos de linguagem - IEL, UNICAMP, em 1995, estando aberto a pesquisadores do mundo inteiro.

Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão. Em março de 1997, seus textos Com os meus olhos de cão e A obscena senhora D, foram publicados pela Editora Gallimard, tradução de Maryvonne Lapouge.

Após seu falecimento, em 04/02/2004, o amigo Mora Fuentes liderou a criação do Instituto Hilda Hilst (http://www.hildahilst.com.br). O IHH tem como primeira missão a manutenção da Casa do Sol, seu acervo e o espírito de ser um porto seguro para a criação intelectual.


Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.


I

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.


CANTARES DO SEM-NOME E DE PARTIDAS.

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.



II

E só me veja

No não merecimento das conquistas.
De pé. Nas plataformas, nas escadas
Ou através de umas janelas baças:
Uma mulher no trem: perfil desabitado de carícias.
E só me veja no não merecimento e interdita:
Papéis, valises, tomos, sobretudos

Eu-alguém travestida de luto. (E um olhar
de púrpura e desgosto, vendo através de mim
navios e dorsos).

Dorsos de luz de águas mais profundas. Peixes.
Mas sobre mim, intensas, ilhargas juvenis
Machucadas de gozo.

E que jamais perceba o rocio da chama:
Este molhado fulgor sobre o meu rosto.

Fontes de Pesquisa:
http://www.pt.wikipedia.org
http://www.angelfire.com
http://revista.agulha.com.br

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)

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