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Clube de Poetas









quinta-feira, 16 de junho de 2011

FAGUNDES VARELA

FAGUNDES VARELA
(1841-1875)


Luís Nicolau Fagundes Varela era filho de Emiliano Fagundes Varela e de Emília de Andrade, ambos de famílias fluminenses ricas. Viveu parte da infância numa fazenda, na vila de S. João Marcos (RJ), onde seu pai era juiz.

Depois, devido às transferências do pai, residiu em: Catalão (GO), Angra dos Reis (RJ) e Petrópolis (RJ). Nesta última fez os estudos fundamental e médio.

Matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo (1862), mas não terminou o curso devido ao seu interesse pela literatura. Em 1861, publicou seu primeiro livro de poesias, "Noturnas". Dois anos depois, "O Estandarte Auriverde".

Casou-se com a artista de circo Alice Guilhermina Luande, de Sorocaba (SP), provocando um escândalo na família. A morte de seu primeiro filho, Emiliano, aos três meses de idade, levou-o ao alcoolismo e à boemia, mas o instigou a escrever, inspirando o poema "Cântico do Calvário" (1863). Logo a seguir, publicou "Vozes da América" (1864) e "Cantos e Fantasias" (1865).

Resolveu terminar o curso de Direito em Recife. Enquanto estava em viagem, sua esposa, que ficara em São Paulo, faleceu. Ele retornou à Faculdade do Largo São Francisco (SP) em 1867, e, mais uma vez, abandonou o curso.

Voltou para a fazenda de Rio Claro (RJ). Casou-se pela segunda vez com a prima Maria Belisária de Brito Lambert, com quem teve duas filhas e um filho, este também falecido prematuramente. Em 1870, mudou-se para Niterói, onde viveu até o fim da vida, entre estadas nas fazendas dos parentes e as rodas da boemia intelectual do Rio.

Sempre inquieto e torturado, conseguia refúgio somente junto à natureza, sua velha conhecida. Por esta razão, sua poesia - com fortes características românticas - expõe, em contraste, a contemplação da vida no campo e a vida na cidade, com seus vícios e, consequentemente, o aumento do sofrimento. Revela ainda uma fase de forte espírito religioso. Sua obra inclui: "Cantos Meridionais" (1869), "Cantos do Ermo e da Cidade" (1869), "Anchieta ou Evangelho na Selva" (1875), "Cantos Religiosos" (1878) e "Diário do Lázaro" (1880).



NÉVOAS


Nas horas tardias que a noite desmaia
Que rolam na praia mil vagas azuis,
E a lua cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz,

Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
Que em grutas extensas se elevam no ar,
Um corpo de fada — sereno, dormindo,
Tranqüila sorrindo num brando sonhar.

Na forma de neve — puríssima e nua —
Um raio da lua de manso batia,
E assim reclinada no túrbido leito
Seu pálido peito de amores tremia.

Oh! filha das névoas! das veigas viçosas,
Das verdes, cheirosas roseiras do céu,
Acaso rolaste tão bela dormindo,
E dormes, sorrindo, das nuvens no véu?

O orvalho das noites congela-te a fronte,
As orlas do monte se escondem nas brumas,
E queda repousas num mar de neblina,
Qual pérola fina no leito de espumas!

Nas nuas espáduas, dos astros dormentes
— Tão frio — não sentes o pranto filtrar?
E as asas, de prata do gênio das noites
Em tíbios açoites a trança agitar?

Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo
De um férvido beijo gozares em vão!...
Os astros sem alma se cansam de olhar-te,
Nem podem amar-te, nem dizem paixão!

E as auras passavam — e as névoas tremiam
— E os gênios corriam — no espaço a cantar,
Mas ela dormia tão pura e divina
Qual pálida ondina nas águas do mar!

Imagem formosa das nuvens da Ilíria,
— Brilhante Valquíria — das brumas do Norte,
Não ouves ao menos do bardo os clamores,
Envolto em vapores — mais fria que a morte!

Oh! vem; vem, minh'alma! teu rosto gelado,
Teu seio molhado de orvalho brilhante,
Eu quero aquecê-los no peito incendido,
— Contar-te ao ouvido paixão delirante!...

Assim eu clamava tristonho e pendido,
Ouvindo o gemido da onda na praia,
Na hora em que fogem as névoas sombrias
– Nas horas tardias que a noite desmaia.

E as brisas da aurora ligeiras corriam.
No leito batiam da fada divina...
Sumiram-se as brumas do vento à bafagem,
E a pálida imagem desfez-se em — neblina!


Fontes de Pesquisa:
www.ig.com.br
www.educacao.uol.com.br

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger(Shir)

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