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Clube de Poetas









sábado, 11 de junho de 2011

GREGÓRIO DE MATOS

GREGÓRIO DE MATOS
(1636 - 1695)

Gregório nasceu numa família com o poder financeiro alto em comparação a época, empreiteiros de obras e funcionários administrativos (seu pai era português, natural de Guimarães). Legalmente, a nacionalidade de Gregório de Matos era portuguesa, já que o Brasil só se tornaria independente no século XIX.

Em 1642 estudou no Colégui dos Jesuitas, na Bahia . Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1651. Em 1663 é nomeado Juiz de Fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.

Em 27 de janeiro de 1658 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa . Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de Procurador. A 20 de janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de Procurador.

Em 1679 foi nomeado pelo Arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. Dom Pedro II, rei de Portugal, nomeia-o em 1682 tesoureiro-mor da Sé, um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.

Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório de Matos.


O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.

Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas (a que chamava "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmo pornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e até sagrados.

Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao Tribunal da Inquisição (acusa-o, por exemplo, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão). A acusação não teve seguimento, embora seja condizente com o perfil satírico de Gregório.

Não era exatamente agradável em todas suas relações pois, por exemplo, entregara um poema a uma mulher, dando a entender ser uma espécie de elogio, o título do poema era:"Dona Feia".

Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luis Gonçalves da Câmara Coutinho e, correndo o risco de ser assassinado, é deportado para Angola.

Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída em Angola. Porém, minutos antes de morrer, pede que dois padres venham à sua casa e fiquem cada um de um lado de seu corpo, representando a si mesmo como Jesus Cristo, alega "estar morrendo entre dois ladrões, tal como Cristo ao ser crucificado".

SONETO I

(À uma dama dormindo junto a fonte)

À margem de uma fonte que corria,
Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia
Mas como dorme Sílvia, não vestia
O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Calava o mar, e rio não se ouvia,
Não dão o parabém à nova Aurora
Flores canoras, pássaros fragrantes,
Nem seu âmbar respira a rica Flora.
Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,
Tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Aves cheirosas, flores ressonantes.


SONETO II
Continua o poeta em louvor a soledade vituperando a corte)

Ditoso aquele dia, e bem-aventurado,
Que longe, e apartado das demandas,
Não ve nos tribunais as apelandas
Que à vida dão fastio, e dão enfado.

Ditoso, quem povoa o despovoado,
E dormindo o seu sono entre as holandas
Acorda ao doce som, e às vezes brandas
Do tenro passarinho enamorado.

Se estando eu lá na Corte tão seguro
Do néscio impertinente, que porfia,
A deixei por um mal, que era futuro.

Como estaria vendo na Bahia,
Que das cortes do mundo é vil monturo,
O roubo, a injustiça, a tirania?


SONETO III

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.


Fontes de Pesquisa:
http://pt.wikipedia.org
http://www.revista.agulha.com.br

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)

Um comentário:

  1. "Não é necessário mostrar a beleza aos cegos, nem dizer verdades aos surdos, más nunca minta para quem te escuta e nem decepcione os que te admiram e te amam."

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